sexta-feira, agosto 27, 2010


O apressado come cru.

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 Roberto era um homem intolerante, sagaz e inteligente. Nunca deixou seus patrões na mão. Sempre que era designado para um projeto, ele os cumpria metodicamente. Seu único defeito era a sua arrogância excessiva quando estava trabalhando em algo muito sério.
 Em algum dia do mês de setembro, Roberto acordou, arrumou-se para o trabalho e esperou impacientemente a mulher cozinhar seu prato predileto: batatas cozidas!
 Agora, você deve estar pensando “Nossa! Ele só comia batatas no café da manhã?”. Sim, Roberto tinha algumas características peculiares e gostava de seguir o estilo de vida que seus pais lhe deram quando moravam no interior.
 Um minuto se passou e nada das batatas do nosso amigo cozinharem. Roberto, impaciente, levantou-se da cadeira e foi apressar a sua mulher, que manda seu marido acalmar-se na cadeira. Ao contrário de Roberto, ela era uma mulher extremamente paciente, porém, na situação que ambos viviam, não há paciência que chegue! Todos os dias, ela tendo que se redimir ao marido impaciente pelas batatas. A situação já tinha chegado ao limite!
 Enquanto sua mulher pensava nas consequências de um divórcio, as batatas de Roberto finalmente estavam prontas para serem consumidas! A mulher de Roberto rapidamente as tirou da panela com uma colher de pau, despejou-as em um prato e as colocou sobre a mesa. Lá estava a refeição matinal de Roberto o esperando, uma porção de batatas cozidas!
 Antes de sair, a despedida que dera a sua esposa foi um “Onde estão os papéis do projeto que eu deixei sobre a mesa?”, a resposta que conseguiu de sua mulher foi “Eu me esqueci onde eu coloquei, mas espera um pouco que eu vou procurar”. Roberto, já zonzo de atraso, esperou por cinco segundos e murmurou algumas palavras “A sua batata está assando, mulher!”. Saiu correndo de casa, entrou no carro e dirigiu-se ao trabalho.
 Ele trabalhava como engenheiro civil em uma empresa muito renomada. Sua inteligência e sagacidade aceleraram bruscamente a sua carreira.
 No caminho do trabalho, todo santo dia, ele passava na banca e comprava o jornal do dia para ler no caminho. Rotineiramente, ele lia pequenos textos do jornal durante os sinais vermelhos da estrada. Porém, dessa vez, sua pressa o distraiu e nem sequer leu a primeira folha.
 Alguns minutos depois de ter chegado ao escritório, Roberto recebeu uma ligação de seu patrão e era uma boa notícia!
- Robert, oh, meu amigo Roberto. Recebemos uma proposta para projetarmos um prédio de dez andares! – disse Sr. Martins por telefone – E queremos você, meu rapaz, para projetar e comandar a obra desse monumento!
 Sem um trêmulo sequer de hesitação em sua língua, Roberto acertou a proposta e empolgou-se exageradamente.
- Não tem pressa, meu amigo – disse seu patrão – Só teremos problemas se a companhia que nos designou o projeto, também contatou outras empresas, mas nesse caso, ela aceitará o melhor projeto e não o mais rápido – continuou – pode me entregar em dois ou três dias, sem pressa.
 A empolgação em que Roberto se encontrava, bloqueou algumas das palavras de seu patrão. Nesse momento, podia-se sentir de longe o cheiro de espírito competitivo que exalava ao redor dele.
 Minutos após a ligação, Roberto já estava com várias folhas de papeis, pronto para começar seu projeto milionário! As horas se passaram e Roberto começou a sentir certo cansaço psicológico. Mas esse não era um problema insolúvel para ele. Rapidamente, tirou o telefone do gancho, discou alguns números e pediu para que o assistente trouxesse-o um copo de café e ainda ressaltou “Traga o café rapidamente!”.
 Minutos que pareciam horas se passavam e nada do café chegar. Roberto, novamente discou para o assistente: “Onde está o café, incompetente?!”. O assistente ainda tentou acalmar nosso amigo apressado, mas sem sucesso. Quando Roberto chegou ao auge de sua impaciência, o telefone novamente foi tirado do gancho e mais uma ligação foi feita para o assistente: “Se não trouxer o café agora, será despedido!”. A empolgação de Roberto era demais, ele provavelmente, não estava medindo o grau de suas palavras.
 O assistente, com medo de perder o seu emprego, apagou o fogão, colocou o café numa bandeja e saiu correndo para o escritório do seu patrão. Antes que pudesse chegar lá, a correria e o desespero foram tão grandes, que fez com que ele tropeçasse em algum lugar invisível do chão! Todo o café derramou no corredor. Como o assistente imaginou que ainda havia tempo, correu de volta para a cozinha, mas antes que pudesse chegar lá, seu telefone tocou e uma voz grosseira o gritou: “Está despedido!”.
 Após despedir seu assistente, Roberto desistiu do café e resolveu dirigir até a cidade e comprar um almoço completo e junto com ele, também levou os seus projetos. Egoísta e egocêntrico do jeito que era, achava que alguém os roubaria em sua própria empresa. E de fato, aconteceu, mas não no local onde ele esperava.
 Na estrada, com seu carro vermelho, Roberto se viu diante de duas estradas alternativas, onde escolheria entre a Rua Mastruz e a Rua Leite. Na primeira rua, o caminho seria mais longo, apesar de mais seguro. Já na segunda, o caminho é muito menor, mas durante o percurso, ele teria que passar por uma favela. A Rua Leite era perigosa apenas na teoria, pois Roberto estava acostumado a pegar o atalho e decidiu seguir pelo mesmo.
 Durante um caminho percorrido por buracos nos asfaltos, uma quadrilha de cinco homens o parou, ameaçando-o com uma arma!
- Podem pegar tudo o que vocês quiserem – disse Roberto, com as mãos levantadas – Mas não me matem!
- Vamos levar tudo mesmo! – disse um dos ladrões após examinar o carro por dentro – Mas pode ficar com isso. – continuou, tirando as folhas de jornal e jogando-as fora.
 Em questões de segundos, o carro vermelho que continha todos os projetos de Roberto havia desaparecido na estrada de asfalto esburacada. Em companhia dele, havia apenas umas folhas de jornais no chão, que após observá-las, percebeu um grande anúncio na primeira folha “Várias queixas de roubos têm acontecido ultimamente na Rua Leite. Usem a Rua Mastruz!”.
 Roberto não tinha dinheiro, celular, nem lápis e papel para continuar o projeto. Sua única alternativa foi caminhar durante duas horas até a sua casa. Sorte dele que não choveu! E já estava de tardezinha, portanto, não pegou muito sol.
 Quando chegou em casa, já eram 20:00h e sua esposa estava dormindo. Como não tinha chave; ele pulou a janela para entrar e com passos vagarosos, foi até o quarto verificar a esposa que estava deitada. Estranhou o fato de ter algumas malas prontas ao lado da cama. Não deu muita importância e voltou de fininho para a sala e enquanto discava o número de seu assistente com o intuito de pedi-lo ajuda para construir o projeto do prédio de dez andares mais rápido, lembrou-se de que havia o despedido. Mesmo sendo um homem de imenso orgulho, reconheceu o seu fracasso e foi dormir, pensando na desculpa que daria ao patrão no dia seguinte.
 Roberto acordou as oito, arrumou-se para o trabalho e sentou-se na mesa, à espera de suas batatas cozidas. Enquanto esperava, ouviu um barulho e olhou entre a janela. Um caminhão de mudanças parou em frente a sua casa.
- Alguém da vizinhança está se mudando? – ele perguntou.
- Não, da vizinhança, não. – ela respondeu.
- Quem então?!
- Por que não esquece isso, “amor”? – ela disse e logo após colocou um prato com batatas em cima da mesa – Por que você não come?
 Uma certa característica peculiar nesse prato despertou a surpresa de Roberto.
- O que é isso?!
- Batatas cruas! – ela respondeu, enquanto carregadores tiraram as malas de seu quarto e colocavam no caminhão. – As minhas batatas não estavam assando? – ela continuou, com um tom vingativo – Ótimo. Por que as suas nem foram ao forno.
 E lá estava a refeição matinal de Roberto o esperando, uma porção de batatas cruas!

7 comentários:

Unknown disse...

Beeem feito, homem é tudo assim mesmo só dá valor quando perde ;D

Unknown disse...

Gosteei.. mas vê se continua escrevendo, vc tem uma mania de parar de postar as coisas :S kkkkkk Continuee assim, vc escrevee muito bem :D

An infinite word! disse...

kkkkkkk, atorei *-*' a muier se vingou direitinho . Parabéns amor s2 cont escrevendo !

luukmarcondes disse...

Jonaas meu bróDé...muito parabens de maiss...vei vc ta a cada dia mais perfeitoo..continua com isso viu vei..e não esqueça de seu empresario!! auhsuash '

Unknown disse...

Amei, um conto bem escrito, parabéns, e que você publique um livro.

Unknown disse...

como sempre, uma história muito bem pensada e escrita. você está de parabéns, Jo! *-*

Vívian Thaís Rascunhéba de Andrade disse...

heeee jôjô!!!
mto marah!!!
tem q escrever um livro agora!!!
hahaha!!!

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